Post de João Boaventura publicado no blog “De Rerum Natura”, em 31.07.2012
DE COMO UM DOS "DEUSES DO DARDO”, DO SÉC. XXI, DE CARLOS FIOLHAIS, ATINGIU MORTALMENTE UM ATLETA NO SÉC. XX, E DE COMO NO SÉC. V a.C., ANTIFÃO NOS ESCLARECE, NAS SUAS TETRALOGIAS, AS CONSEQUÊNCIAS FILOSÓFICO-JURÍDICAS
Após a leitura do memorável trabalho, em epígrafe, do Professor Carlos Fiolhais, de imediato o associei a um acontecimento raro, o da morte do atleta sueco Bo Larsson, no Estádio Johanneshov de Estocolmo, quando participava numa
corrida de estafetas, por ter sido atingido acidentalmente por um
dardo lançado por outro atleta, durante um torneio de atletismo
nocturno, segundo informava então o “Diário Popular”, de 29.08.1959.
E
nesta sequência, sem vislumbre de qualquer consequência filosófica ou
jurídica, resultante de tão infausto acontecimento, no século XX, o
único recurso foi o de recorrer a um texto de debate fictício, do séc. V
a.C., da autoria de Antifão, professor de eloquência e de direito,
autor das referências, “Da verdade”, “Da concórdia”, e das
“Tetralogias”, onde os seus discursos judiciários, constituíam modelos
de argumentação, para factos que poderiam ocorrer, e serem pleiteados.
Os três títulos eram os textos através dos quais Antifão transmitia os
seus ensinamentos aos alunos, e assim se formariam os homens do direito
desportivo.
Nas “Tetralogias”, esquematicamente, agrupam-se 4 discursos, cabendo dois ao advogado de acusação e dois ao de defesa:
- Exposição da acusação
- Argumentação da defesa
- Resposta
- Réplica
No
caso presente os acusadores e os defensores são: o pai do filho
atingido pelo dardo e do do lançador do dardo mortífero, e cujos
pleitos se reproduzem:
In "Anthologie des Textes Sportifs de l'Antiquité",
Recueillis par Marcel Berger et Émile Moussat
Grasset, 3 ème Édition, Paris, 1927, pp 92-95
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